Estrada deserta, carona para o mal.

Estrada deserta, carona para o mal.

Caros amigos do Spectro-X, há uns 03 anos tive que dirigir de São Paulo até uma cidade do interior de Minas chamada Cariasul, uma cidade que fica a mais ou menos 200kms de distância. Nessa época eu trabalhava de Faz-Tudo para uma entidade Funerária, e tive que levar uma caixa misteriosa para um determinado endereço até às 22:00 do mesmo dia. O problema é que quando o patrão me mandou fazer isso, já passava das 16 horas.

Perguntei antes o que havia na caixa, e meu chefe disse que não sabia, mas que uma mulher muito esquisita tinha pago muito bem para que a caixa fosse enviada por nós até seu destino em Minas, e que de maneira alguma fosse aberta por ninguém, e inclusive possuía um tipo de lacre, com cadeado e tudo. A caixa era preta, de metal.

Eu cheguei a pensar: "Por que ela simplesmente não enviou pelo correio, sei lá!" Mas acontece que meu chefe, sabendo que eu poderia questionar, ofereceu-me R$1.000,00, calando-me então de qualquer pergunta ou desculpa para não ir.

Pense bem: R$1000.00 só para entregar uma caixa? Tranquilo!... Será??

Liguei em casa, avisei minha mulher e caí na estrada...

A noite ia chegando, e eu já estava cansado, afinal, eu já tinha trabalhado o dia inteiro, mas essa hora extra ia valer a pena... Era o que eu achava.

Quando já tinha rodado uns 100kms surgiu alguém na estrada pedindo carona. Era um velhinho, então nem pensei duas vezes e parei:

- Para onde o senhor está indo?

Ele respondeu que iria para Belo Horizonte. Eu disse que não iria exatamente para lá, mas que poderia deixá-lo um pouco mais adiante. Ele disse que não havia problema...

Era umas 19 horas e perguntei para o velho que se chamava Almiro, se ele sabia do endereço que eu procurava. Ele afirmou conhecer um atalho, e meus amigos, se eu soubesse o que estava por vir eu NUNCA teria dado carona para aquela "pessoa"...

Quando ele começou a me guiar pelas quebradas no meio das matas percebi que depois de algum tempo, talvez eu não conseguiria mais voltar sozinho, e disse isso para ele que com um sorriso sarcástico respondeu-me que eu nem iria mais voltar, então não deveria me preocupar com isso. Parei o carro na hora e mandei ele sair, e foi nesse momento que descobri que já tinha chegado no destino: Um "cemitério".

Sem que eu tivesse comentado sobre a caixa que estava no porta-malas, ele disse:

- Você tem algo para mim?

Fiquei pasmo! Porque não tenho idéia como ele tinha descoberto sobre a caixa...

Peguei o celular, mas não dava sinal. Ele segurou meu braço e disse para entregar a caixa. Tenho que admitir, o lugar era assustador e estava com vontade de agredir o velho, mas me controlei, apenas o empurrei. Ele acabou caindo no chão, correu para dentro do cemitério que parecia deserto. Me aproximei e percebi que realmente não tinha mais ninguém naquele lugar. Começei a ouvir muitos barulhos estranhos que vinham lá de dentro e então eu realmente comecei a ficar assustado. Fui até o porta-malas e atirei a maldita caixa contra a entrada do cemitério, num portão de estaca apodrecendo, por onde o velho havia passado. Acreditem se quiser, mas quando a caixa bateu no portão acabou rompendo o lacre e estourou mostrando que dentro dela havia um crânio humano. Aí foi a gota d'água! Corri para dentro do carro e cantei pneu furiosamente.

Até hoje, quando me lembro de meu desespero para fugir daquele lugar, me causa muita angústia. Não sei como consegui, mas depois de uns 40 min encontrei a estrada novamente e acelerei aquele carro no limite.

Fui para casa com o carro da funerária, e quando amanheceu, mesmo sem ter conseguido dormir, levei o veículo para entregá-lo ao chefe com a decisão de pedir as contas do emprego. Quando estacionei o carro e ia saindo tomei um tremendo susto com uma senhora vestida de preto em frente à funeraria!

Ela perguntou direto, sem ao menos nem se apresentar, se eu "entreguei"...

Nem olhei direito para aquela mulher que possuía aparência de pessoa perturbada. Entrei, falei tudo para o meu chefe, inclusive que nem queria o dinheiro e que não iria mais trabalhar em nenhuma funerária! Quando resolvemos até chamar a polícia, a mulher nem estava mais lá...

Algum tempo depois me encontrei com minha cunhada que coincidentemente é de Minas Gerais, e ela revelou-me que existe na cidade um estranho e antigo caso de que um velho idoso andarilho foi assassinado na Estrada há muito tempo atrás, e que foi enterrado sem a cabeça, pois a mesma nunca foi encontrada.

Não sei se tudo isso foi uma grande coincidência ou não, mas foi uma experiência assustadora e nunca vou esquecê-la por toda minha vida!

 

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